sexta-feira, 5 de março de 2010

Discurso directo

Já me tinham dito que com o passar dos anos, a memória acaba por apagar as coisas más, e guardar em cantinhos, gavetas semi-abertas, com ou sem puxadores, todas as memórias boas, as felizes e coloridas… aquelas que quando dão o ar da sua graça nos fazem sorrir e colocam brilho nos olhos.

Ontem, com o comentário que deixaste ao passar por aqui de mansinho, fizeste-me sorrir… Mas ao mesmo tempo o meu estômago virou-se do avesso, ficou apertado, pequenino, como sempre acontece desde há quase 10 anos, sempre que penso em ti, e em tudo.

Queria escrever dezenas de parágrafos de texto, deitar cá para fora o que em tempos me entupiu, me sufocou tanta era a fúria; mas o tempo não é o mesmo, nem as palavras, e de longe o é a ira…

Acima de tudo, o que mais me custa passados todos estes anos, é o facto de não compreender, de nunca ter conseguido compreender. E se há coisa na vida que me faz confusão, é quando não percebo o sentido das coisas, mais ainda quando são assim, importantes.

Foste importante, tudo aquilo era importante, felizmente, não era o mais importante.

Não guardo mágoa, entristece-me, ainda… quem sabe um dia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada..

Tem algo de recíproco, esta história; quanto a resoluções, que também queria ter tido, foi o silêncio quem melhor se expressou ao longo deste tempo.

Não vim com o propósito de nada mais, que não ler.. e foi difícil parar de ler. Aqui a net é lenta e cada passagem de "mês" tive de esperar enquanto ia jogando tetris.

Depois do teu comentário, andei feita estúpida, à procura no teu blog, de uma qualquer avalanche do que te tivesse apetecido dizer noutra altura. Afinal tinha sido hoje.

Por isso, não espero nada, não esperes também! Obrigada por escreveres.

bugggs disse...

Não tens que agradecer, foi uma partilha breve que tinha, porque tinha que sair.

Nunca coloquei em causa que existissem sentimentos semelhantes e paralelos do início ao fim desta “história”… da mesma forma que sempre soube, que se optámos pelo silêncio todo este tempo, é porque de uma forma ou de outra, achámos que essa seria a melhor opção.

Não espero, guardo o que me é permitido guardar, sempre assim foi.